Olá D. Silvia Costa:
A sua pergunta, não poderia de forma alguma ficar sem resposta; é que eu também já a fiz, em outros momentos, a pessoas que escreveram nesta página e a angustia de uma falta de resposta, é um sacrificio a que não sinto o direito de a sujeitar... ou então estaria a não ser coerente comigo próprio.
Bem-haja muito sincero pela sua chamada a esta realidade, que é a nossa... o resto é mero fingimento ou jogo de ilusões, hipocrisia, rancor e ódio...
A 4/12/2010, dizia eu que ás vezes apetecia-me trocar este sofrimento por outro... que por vezes é ainda mais doloroso, mais difícil de superar...
Há testemunhos que me fizeram pensar, que me fizeram sofrer e aos quais, sempre que pude ou tive coragem, respondi com uma palavra de conforto ou esperança... outras vezes fiquei em silêncio porque não tinha palavras...
Li e reli há dias uma carta de meu falecido Irmão, escrita em Abril de 1996, no Rio de Janeiro; uma frase tocou-me de forma indelével que dizia assim: (citação: ...o "bicho" pegou forte no seu Irmão, mesmo muito forte... fim de citação) e eu apesar de ter derrotado, penso eu, o cancro que há treze anos me assaltou, tenho que superar outra luta, que entretanto se me deparou!
Desculpe o meu desabafo, mas o meu silêncio é forte indicio de que as coisas não estão bem; não me refiro ao problema saúde, mas a outro de superior importância.
A todos os que escrevem nestas páginas, desejo sinceramente que tenham encontrado lenitivo para a sua dor, para a dos seus familiares e muita compreensão para aqueles que não entendem a nossa dor, a nossa dificuldade, as nossas limitações, as consequências de operações de alto risco, o sacrificio de viver com uma ostomia, ileostomia ou urostomia...
Tenho, nestes últimos tempos de silêncio ou falta de escrita, estado junto de pessoas que vão aparecendo com este tipo de problemas...todos os dias visito "os TESTEMUNHOS uma ou duas vezes... continuem!
Envio cumprimentos a todos; prometo que, após este "silêncio forçado" ou seja sem inspiração, ou sem alento, como quiserem, vou voltar....
Agostinho Barreiros Viseu, 1 de Maio de 2011
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