A 13 de Janeiro de 2009, o meu mano fez a colostomia que viria a mudar toda a sua vida. Sempre foi saudável, dador de sangue, adepto de desporto, federado em futebol, poucas noitadas fazia, bebia qb, não fumador
questionei imensas vezes a razão, e o porquê de tudo isto. Não foi descoberto atempadamente e as metástases existiam no fígado e nos brônqueos. Tudo isto aconteceu longe dos amigos, longe de nós irmãos, visto ser emigrante e residente na Suíça. A dificuldade em se expressar correctamente em alemão, não lhe permitiu acompanhamento psicológico de forma a encarar a sua rotina diária com maior lucidez e a tranquilidade que lhe era imposta pela doença.
A seguir á operação começaram os tratamentos de quimioterapia, os tratamentos com anti corpos, a febre que regressava sem lhe pedir licença, as análises de rotina que mostravam os marcadores com valores elevados, o mau estar inerente á medicação e as dores aos tratamentos que guardava para si, tentando sempre não demonstrar as suas fraquezas, tendo sempre o ar sereno, equilibrado que lhe era característico. Por vezes acreditava que era possível lutar e vencer
outras vezes nada optimista.
Muitas idas e vindas constantes para o hospital mas ainda assim raramente se queixava das dores.
O tumor infelizmente, era agressivo e parecia resistir a tudo e a todos. Em Março presente, teve consciência que a sua partida estava prestes a chegar, não partilhou com ninguém. Não quis qualquer tratamento especial da família ou dos amigos, nada de despedidas, preferindo estar no silêncio com os seus pensamentos, vivendo o seu dia a dia, sempre com a preocupação de não nos fazer sofrer até que por fim o fígado não aguentou mais, tendo partido a 15/04/2010.
Uma das ultimas coisas que me disse, mais propriamente 2 dias antes, foi:
- Não te preocupes que eu estou bem, apenas constipado, isto quando questionado ao telefone, pela dificuldade respiratória que se fazia ouvir. Nesse dia jogava o seu clube do coração, o SLB, que ainda assistiu, na companhia de alguns amigos, a mais uma vitória.
Um homem de 42 anos com muita coisa para partilhar, muita coisa para viver, assistir e ensinar, mas Deus assim quis.
Revolta? Muita! È difícil não ter, por todas as razões! Por não ter estado ao seu lado, pelos poucos recursos que teve, e por muito que o quisesse ajudar, por muito que pudesse escrever, todas as palavras existentes no vocabulário eram poucas...par obter o sorriso...aquele sorriso.
Mas considero este homem, corrijo, Homem, um grande Herói!
Reiteiro:
Por tudo o que o meu mano passou e pela pessoa que sempre foi, amigo, compreensivo, presente, trabalhador, activo
enfim...ele é hoje e será sempre o meu herói!
Deixo esta mensagem como um testemunho de Coragem e Esperança, existem muitas pessoas com a esta doença que têm a sorte e a oportunidade de poder sobreviver. Cada caso é um caso, e não se deve virar ás costas aos primeiros sintomas, nem ter medo do diagnóstico.
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