Porto, Dezembro de 2010
As vitórias de um ostomizado (cancro do cólon-rectal)
É verdade amamos a vida, porque estamos acostumados, não à vida, mas a amar. Há sempre uma certa loucura no Amor, há sempre também, alguma razão da loucura. (F. Nietzseche)
No mês de Julho de 2010, entrei em contacto com a Associação dos Ostomizados, através de um telefonema. Trocámos várias impressões e, então, solicitaram-me um testemunho escrito. Fui alimentando a ideia, porém, deixei-me embalar pela inércia, por achar que não era capaz de o fazer, de forma a atingir o meu principal objectivo: Ajudar os outros. O tempo voou, sem tempo, sem determinação, para o fazer. A minha mente e vontade, queriam, impulsionavam-me. Todavia, a minha insegurança, pensando que não possuía capacidade para tal, não permitiam que tal acontecesse! Eis, se não quando dou comigo a pegar no papel e na caneta, displicentemente e, prometi a mim mesma: não passa de hoje, dia 31 de Agosto de 2010, e assim foi. Honestamente, hoje confesso que apenas dei azo à minha imaginação, sem grande convicção e concentração que seriam necessárias. Como tal, fi-lo despreocupadamente, sem imaginar sequer, o alcance que o mesmo atingiria. Raramente releio ou corrijo o que escrevo porque, se tentar, não consigo. Rasgo e faço outro. Precisava de pedir opinião. Li-o a duas amigas. Uma não se pronunciou. Outra disse-me que achava que eu escrevia melhor. Fique desiludida, desmotivei-me e pus o assunto de parte. O meu Eu é obstinado e achei que o que contava era a boa intenção. Pedi conselho a uma vizinha que escreve literatura infanto-juvenil. Ela leu-o, encorajou-me. E, assim, o deixei, sem saber ao certo, como proceder
A minha filha leu-o achou-o bom, enviou-mo para o Presidente da Associação. E só assim chegou ao destino. Nunca mais pensei no assunto, pois andava deprimida, com o falecimento no IPO, dia 7 de Agosto, de uma tia, ainda jovem também, com cancro: Le mal du siécle Certo dia, de manhã, toca o telemóvel. Era o Presidente da Associação a pedir autorização para o publicar na Internet. Fui colhida de surpresa, mas, como é óbvio, dei a permissão. Passados uns dias começaram a chover os telefonemas, de colegas e familiares, felicitando-me, afirmando que o testemunho iria trazer seiva nova, muita coragem, a quem padecia de idêntico mal. Assim irradiei de felicidade! A minha filha, uma tarde, trouxe-me, um e-mail, do Sr. Agostinho Barreiros, de Viseu. Este amigo até foi mais ousado: incentivou-me a escrever um livro. Fiquei feliz, mas sei que isso nunca acontecerá, faltam-me dotes, engenho, arte, competência literária. Conheço bem as minhas limitações. Não ponho de parte a ideia e, talvez quem sabe, com a colaboração de outros associados, tal não acontecerá? Aqui deixo lançado o repto! Entusiasmei-me, embora, só mesmo tempo me culpabilizasse
Fiz a minha introspecção retrospectiva e cheguei à conclusão, que deveria ter sido mais cuidadosa, mais explicita, mais pormenorizada. O certo é que, nessa altura, nunca imaginei o impacto que o mesmo provocaria. Reflecti. E decidi continuar a minha lição de vida porque o que interessa é que se tome a iniciativa e as obras surjam. Decidi continuar a escrever a minha história, procurando ser mais criteriosa, contando certos pormenores que não foquei. Não me dou por vencida, por pequenas coisas
Pertenço ao clube do Cristiano Ronaldo: não gostamos de perder, nem a feijões. A primeira vez que escrevi, dei conta de muitas situações que se me depararam, confessando as minhas lutas, as minhas vitórias e muitos, muitos, maus bocados. A minha tragédia. Fui operada no Hospital Santo António, por um cirurgião divinal, uma equipa competentíssima, aos quais nunca agradecerei: operaram-me. Trataram-me. Estive internada um mês, cuidada com muito carinho, como uma rainha. Nada falhou, nem nada me faltou. A doença quando não mata, fortalece-nos, fornece-nos tenacidade, coragem, persistência. Desistir: palavra proibida. No hospital de dia, de oncologia, ao hospital de Santo António fazia sessões diárias de quimioterapia, algumas das quais acompanhadas de transfusões, devido às plaquetas ficarem abaixo dos valores, dado ter perdido muito sangue. No final de cada tratamento, era-nos oferecido um bom almoço ou lanche, adequado a cada caso. Tudo do mais esmerado, requintado, com alimentos escolhidos para cada doente. Por mais anos que viva, jamais esquecerei e agradecerei a todos, o que por mim fizeram. Não há palavras à altura
as situações além de dolorosas, eram complicadas, exigiram enorme empenhamento e dedicação, a tempo inteiro. Logo que saía da quimioterapia, telefonavam para o IPO e as enfermeiras faziam o favor de esperar porque o intercâmbio existente entre o Hospital de Santo António e o Instituto de Oncologia funcionava maravilhosamente. Levava sempre uma carta, indicando o que me fizeram e o que me iriam fazer, em radioterapia. Os médicos de ambas as instituições hospitalares, faziam reuniões conjuntas, de grupo: A todos os intervenientes na minha doença, dos muitos tratamentos, do meu acompanhamento diário, da minha cura, os meus eternos e maiores agradecimentos: bem hajam! Que Deus lhes dê tanta saúde, tanta sabedoria e tantas felicidades tantos sucessos pessoais e profissionais, por tudo que por mim fizeram. Aqui tenho que lembrar o papel do meu marido sem nunca me ter abandonado: incansável. Agora acamou ele e chegou a minha vez de o tratar. A Ele e à minha família e amigos o meu muito, muito obrigado! Adoeci, operaram-me, trataram-me, curaram-me, salvaram-me. Contínuo a ser seguido; isto já lá vão dois anos. Folgo saber que há médicos dedicados de alma e coração, à profissão mais complicada: salvar vidas humanas! Que Deus os abençoe e lhes dê energia, sabedoria, profissionalismo e lhes ilumine o espírito, sempre que se lhes depare uma situação mais preocupante e complexa! Todos sabemos que as verbas do Ministério da Saúde são precárias, sujeitas à crise que a banca e o governo criaram. É o ministério mais complexo de gerir; contudo, prioridade das prioridades. Todos vivemos, em média, mais 20 anos com a medicina preventiva e, como tal, não deveriam existir cortes orçamentais para a vida e para a saúde. Os serviços nacionais de saúde lutam com dificuldades a todos os níveis. Admite-se lá, que a facturação dos mesmos, sofra cortes drásticos para os utentes, para as crianças, idosos e todos que pagam altos impostos?!?!? As verbas não podem ser desviadas; mas sim aumentadas, disponíveis para pessoas carenciadas, desfavorecidas, que das duas uma, ou compram a medicação ou pagam as contas? Até já voltamos ao antigamente: à pobreza envergonhada, entregues à mendicidade!!!? Ninguém pode ficar indiferente a quem cai no desemprego, a quem lhe são cortados regalias hospitalares, médicas, assistenciais, medicamentosas! A formação dos médicos, enfermeiros, auxiliares e demais funcionários, deveria ser gratuita. Ou existem só no papel, virtualmente!!!? Com esta doença tão intimidatória, o meu sofrimento forneceu-me endurance para aceitar, resistir, lutar para sair sem grilhões de revoltas. E as verbas para a investigação científica, para as doenças cancerosas, mentais, sida e tantas outras, para onde vão? O estrangeiro é que aproveita os nossos estudiosos, porque daí, tiram contrapartidas, dividendos e louros. Proliferam os serviços de saúde privados, para que tipo de pessoas? Para os ricos, para os que têm elevados seguros!?! A classe média desapareceu; agora o que ficou? Ricos e pobres, num abismo socioeconómico desastroso, sem igualdade de oportunidades
É ridículo, inacreditável, que no séc. XXI, os enfermos com doenças incapacitantes e duradouras, sejam impedidos de serem tratados porque são, cada vez mais, cortadas as verbas e cada vez mais limitadas. Sei que toda a Europa se debate com a inusitada crise orçamental. Mas países há, que recorrem a criar fundos, infra-estruturas, conducentes ao bom funcionamento dos Ministérios mais atingidos: deixou de existir brio, ética e moral? Todos somos culpados: tornamo-nos pouco interventivos, pouco exigentes. Acomodamo-nos, tornando-nos vulneráveis, abúlicos, permissivas, deixando correr
Eu falo por mim: foram-me retiradas portarias de remédios caríssimos; pago e paguei durante 38 anos, impostos
E quem não possui rendimento? Morre? Não os compra? Por exemplo, toda a gente sabe que os antidepressivos, não podem ser retirados, sem se fazer o desmame ou então, ficamos todos doentes da cabeça? Ainda mais caros ficaremos ao apelidado Estado Democrático. Onde está a lógica? O governo permite à banca ter lucros milionários diários. Os políticos recebem por 2,3 ou mais instituições. Os jovens quando terão trabalho compatível, emprego estável, como garante da sua cidadania
? Deixamos de ser solidários com as injustiças, cúmplices na falta de valores? Existirá apregoada igualdade, fraternidade, humanidade? Dêem fonte de maneio aos médicos para efectuarem debates de esclarecimento: como, como evitar o cancro, como fazer exames radiológicos, diagnósticos, atempados, gratuitos. O cancro não dói, é uma doença silenciosa, sem sinais e, como tal, só muitas vezes, quando já nada há a fazer, é que surge a urgência sem médicos das especialidades e sem recursos? Outras pessoas nada sabem sobre cuidados paliativos, contra indicações de antibióticos ou certos químicos, aos quais, alguns são alérgicos? Permitem que se minta, dizendo que esta, aquela pessoa morreu de doença prolongada ou de doença inconclusiva
Omitir é mentir. Mentir é crime! A verdade deve ser dita. Quantos acham que a quimioterapia e a radioterapia são o bicho mau, que é a fase terminal da nossa existência, desconhecendo que é uma das poucas salvações? Abençoados sejam quem as inventou e quem tem formação para as aplicar! E quem revela os avanços tecnológicos e científicos autênticas pílulas milagrosas que, por exemplo para o cancro do cólon rectal, já existe um exame ao sangue e, só depois, se farão os exames colondoscopia rectal, endoscopia, com direito a sedação!!! Quem dá estas informações? E como sou prolixa, enorme defeito, passarei a contar as minhas novas conquistas a nível do cancro intestinal. Mudei toda a minha vida
Mudei de atitude perante a doença, pelos progressos, pela evolução porque creiam: pensei que ia morrer. Gritei. Barafustei. Chorei. Lamuriei. Levei tempo a constatar que não passava de uma fase extrema, complicada mas ultrapassável! Na certeza, porém que teremos de ser guerreiros, batalhadores porque a nossa parte ninguém a consegue fazer. Então, operou-se em mim, o 1º milagre. Acordo por volta das 5h da manhã. Permaneço na cama, a rezar, ouvir musica, ou a ler até às 6h. Levanto-me e faço a higiene, exercícios de relaxe, tipo pilates, alongamentos, espreguiço-me saudavelmente, erguendo as mãos ao criador, por acordar mais um dia com vida, saúde, força, vontade de viver! Tomo um café de água morna, como um iogurte e uma peça de fruta. Carinhosa e amigavelmente, chamo a vizinha, a quem muito admiro pela sua coragem, valentia, com o nosso fiel companheiro, o seu cãozinho patusco, com destino à nossa caminhada da praxe! Nem mas, nem meio mas. Quer chova, quer caia neve, às 7h fazemos a nossa caminhada matinal, privilegiada, saudável, obrigatória, até às 8h, 8:30h. Dirigimo-nos à Quinta do Covelo, a metros das nossas casas. Respiramos ar puro, cheiros de árvores diferentes, aromas refrescantes. Andamos uns metros e junta-se a nós, outra vizinha polaca, também com o seu cão Yuri. Percorridos uns minutos, fazem as suas necessidades fisiológicas. Quase sempre à mesma hora, no mesmo sítio. Como um relógio, pois o corpo tem o memória, tal como nós, humanos! Civilizadamente, lá vamos contando e desabafando os nossos problemas. Digo que é o meu primeiro milagre porque jamais, em tempo algum, me deslocaria um quilómetro que não fosse de carro. E o que me faltava? Energia, oxigenação muscular, provocado pelo sedentarismo de toda uma vida: muito preenchida, sempre muito ocupada. Não andava por comodismo e por preguiça medonha. Certa madrugada abençoada, fui iluminada por uma luz divinal e reconsiderei. A enfermeira do hospital St. António e os médicos, ensinaram-me a esvaziar o intestino, com um irrigador, e com água morna. Mas, quem dizia que eu tinha coragem para o fazer? Nunca consegui. Nesse aspecto sou fraca. E reflecti: E se eu ingerisse essa água, não surtiria o mesmo efeito? Pus em prática; logo que chegava a casa, bebia mais dois ou três copos grandes de chá verde, fraco, sobre o quente. Constatava que o intestino começava a sinalizar, a dar voltas e reviravoltas a navegar naquele mar de água doce. Passado 20, 30 minutos, o saco inchava, esvaziava, limpava. Retirava-o, fazia limpeza com gel dermatológico e gazes e saltava para o meu duche reparador, confortável: que privilégio! Como me sentia asseada, aliviada, fresca, feliz, por Deus me enviar esta mensagem. Por volta das 9horas estava operacional, pronta para fazer a minha vida normalíssima. Detestando a rotina, tive que a criar, e agora, acabou-se a angústia de ficar estarrecida deitava no sofá presa, esperando que o saco funcionasse a qualquer hora? E a cabeça sempre a girar, enorme desgaste. Era uma patologia mórbida, doentia, sem vontade de sair, com medos, fantasmas, que o saco me deixasse mal a qualquer momento. Não é fácil! Só é para quem não tem semelhante incapacidade. Tanto assim é, que temos o direito de candidatarmo-nos, a uma pensão especial, com os nossos serviços de saúde: no caso A.D.S.E., de nos pagarem os sacos. Também podem ser levantados nas unidades de saúde. Mudei os meus hábitos alimentares radicalmente como cinco, seis vezes ao dia, pouco de cada vez. Vingo-me na fruta: cinco, seis peças por dia. Múltiplas, saborosas, coloridas, apetitosas, saudáveis saladas, misturadas com vários tipos de sementes, linhaça, sésamo e outras. Ingiro muita água: cerca de 1,5l, sem me apetecer
Em vez de doces, optei por barras de cereais de fibras, gelatinas, iogurtes magros, com aveia; sacia e aguentamo-nos, sem aquelas fomes psicológicas, provocadas pelas fobias, aflições, frustrações, angústias, desilusões, sofrimento. Deu-se em mim uma catarse, uma tal transformação que ganhei coragem e força de viver. Lamuriar-me não resolvia nada; os familiares e amigos afastam-se, pois não funcionam como analgésicos. Como é do conhecimento geral, este tipo de cancro, tem poucos sintomas: prisão de ventre e perda de sangue nas fezes. Andei anos a fio, a sofrer, tomando laxantes, sem tempo para fazer os exames obrigatórios, pois cada um é responsável pela sua saúde: deixava para amanhã
Ocupada com a educação de duas fabulosas filhas, grandes, únicos amores da minha vida, meus únicos tesouros, pelas quais me agarro à vida com unhas e dentes! Leccionava na escola, muitas manhas, tardes e noites
Nunca arranjava horário compatível. Todavia, quando perdi muito sangue, levaram-me para o hospital desmaiada; e, aí, surgiu tempo para tudo, só já quase não ia a tempo de me salvar! Lutei, esforcei-me, os meus sentimentos, as emoções, registando tudo que de bom e agradável, se vai deparando. Empenhei-me para ser pacífica, paciente, porque para além de atrasar o processo, confundindo-o, não permitindo melhorar, ao que nos propusemos: alcançar a cura. Algumas vezes é necessário parar. Paralisar é sinónimo de morrer. Não é isso que queremos dizer
Isso jamais!! Não podemos perder energias, sofrendo por antecipação; nada pode mudar a evolução dos acontecimentos, pelos quais temos de passar. Dias há, que é imperioso parar, pensar, reflectir, ouvir o silêncio do nosso corpo, da nossa mente, sentindo os músculos, os ossos, as glândulas, as células, os tecidos, o sangue fluindo, cada um com a sua função. Não nos podemos deixar cair no abismo, bater no fundo do poço. Mesmo até que as situações se apresentem demasiadamente problemáticas, transcendentais, metafísicos. Acalmemo-nos, sejamos positivos, e as coisas tornam-se ainda mais leves, mais suportáveis, capazes de solucionar. Em cada manhã, em cada despertar, agradeçamos acordar vivos, saudáveis e termos possibilidade de recomeçar a essência da nossa existência. Para tal, habituemo-nos a compreender, a percepcionar, a intuir. Se o nosso desejo for veemente, profundo, nunca nos cansemos de investigar, de procurar, de lutar para vencer obstáculos que nos vão surgindo na nossa longa caminhada. A percepção da nossa vida tem de ser pura, límpida, constante, relaxada, serena, sensível. Habituemo-nos a escutar-nos a nós mesmos, atentos aos sinais, aos porquês, às incertezas até atingirmos a cura e, com o nosso sucesso, dar o nosso testemunho, a quem perdeu ânimo e caiu na descrença. Façamos os possíveis e impossíveis, por não nos lastimarmos, imaginando que o nosso problema é o pior. A nossa auto-estima tem que ser bem trabalhada: nunca nos deixarmos abater pelas tragédias! Sintamo-nos bonitos, alegres, preocupados com o nosso aspecto, o nosso bem-estar. Cada caso é um caso. O que, para mim resultou, pode não ser solução para outros. Cada um tem que auscultar, conhecer bem o seu corpo, elaborar, definir etapas. Vencer, criando objectivos e projectos de vida saudável. Adoecemos. Tratamo-nos. Recuperamos. E com tantos avanços, não nos podemos desleixar! Quem sofre na pele, somos nós. Vá hoje, vá já, antes que seja demasiadamente tarde. Os exames de prevenção são obrigatórios. Logo, pode já ser inviável. Mens sana in corpore sano, exige que aguente, não fique bloqueada, muitas doenças, até, só existem no nosso psiquismo
. Contudo, pretendemos ter o corpo são, os órgãos sãos, sem doenças, sem contaminações, se não gostarmos e cuidarmos de nós? Com o tempo, voltaria a praticar o meu desporto favorito: praticar hidroginástica diariamente. As enfermidades, a dor, a pouca fé, esperança, força, atiram-nos para a armadilha e deitamos as culpas a Deus, que nos abandonou? Nada disto será necessário, se, periodicamente recorrermos ao médico, mesmo sem qualquer motivo ou sintoma. À medida que as cicatrizes vão sarando, vemos com outros olhos a vida. Reconhecemos que é uma bênção e temos que dar à nossa existência muita dignidade, equilíbrio, alegria, bem-estar, sentirmo-nos cidadãos úteis, prestáveis, solidários. Sei que quem recupera de um cancro ou outra doença grave, é como ressuscitar! Brindemos e festejemos com a família e os amigos. Temos que dar tempo ao tempo, colaborar com os médicos. Deixemos o rio do nosso pensamento fluir, agradecer e a doença, apagar-se-á mais fácil, com solução, a seu tempo. A nossa vida tem sentido, não acontece em vão: viver, lutar, parar, actuar: Vivi, adoeci, sobrevivi. Que mais há a fazer? Olhemos à nossa volta e constatemos, quão felizardos somos, porque infelizmente, muitos, não chegam a tempo!! Estendamos a mão, façamos voluntariado na família, nos vizinhos, nas Instituições. Se não nos sentirmos com forças para tal, ofereçamos palavras de conforto, doces, sorrisos; dividamos ânimo e Amor. Não cruzemos os braços, não nos acomodemos. Não nos tornemos egoístas, egocêntricos, individualistas, pensando só em nós! Partilhemos mais as alegrias, as satisfações, os sucessos, que desgraças e fatalismos! Construamos cada amanhecer em vitórias floridas, harmoniosas, que curam o coração e a alma! Não nos deixemos embriagar pelas falsas promessas; de facto, só sonhar não muda o mundo. De mãos dadas a união faz a força e não critiquemos
Todos somos imperfeitos: defeitos e virtudes! Errar é humano. E com os erros corrigidos, aprende-se. Julgar, só Jesus! Com respeito, disciplina, dinamizemos, façamos artigos de opinião, aconselhamento pedagógico. Façamo-lo para aqueles que não tiveram oportunidade de estudar e argumentar! Se fossemos mais amigos, unidos, confiantes, até acreditaríamos que o Pai Natal, trazia um cabaz recheado de saúde, remédios, consultas gratuitas, cuidados continuados, diários dos médicos de família, bom funcionamento das urgências, em todos os hospitais. Acreditaríamos, seríamos presenteados, com um Natal substancial, saboroso como chocolate. Um Natal de algodão doce, com sabor a frutos silvestres! Um Natal luminoso, radioso como a luz milagrosa de Sol! Um Natal alegre, colorido, enigmático como o arco-íris! Um Natal solidário, puro, feliz como os lírios e as papoilas campestres! Natal é todos os dias, sempre a festejar! E não pensemos que o nosso Natal e o pior! Lembremo-nos de um vizinho, que está em fase terminal! Recordemo-nos que um familiar ou amigo, se encontram com doença de Alzheimer, doença degenerativa, sem hipótese de salvação. Ajudemos uma família que caiu no desemprego e nem ceia natalícia possui para oferecer aos filhos! Acolhamos um sem abrigo, que nos bata à porta
quem sabe se não será Jesus! Sentamo-lo à nossa mesa, sem preconceitos! Natal é recordar com saudades os familiares e amigos que partiram, para aquela viajem, à qual ninguém escapa! Acreditemos que essa parte espiritual é mais enriquecedora; celebremos um Natal vitorioso de ontem, para adquirirmos força anímica para celebrar o que se aproxima, de forma a certificarmo-nos que todos, festejaremos o de 2011 e seguintes! Façamos da nossa existência uma festa permanente com muita saúde, paz, Amor, felicidade, prosperidade! Um Mundo muito melhor! Sejamos generosos, contribuamos com 5%, descontável na íntegra no I.R.S, para Hospitais, I.P.O, Associações. Não hesite! Não deixe para depois! Decida-o já para entrar no ano de 2010!
O meu hino à vida
Olhos meus bens com aflições, Meus pertences minha casa, meus vestidos! Não quero vaidades
Exijo Amores sentidos! Nasci de mãos vazias
nada tinha! Até a minha alma não é minha! Cá deixarei tudo, na hora da partida, Na minha hora só um tesouro levarei: Uma luz divina chamada vida!! Como é belo amar e ser amada! Fazer de cada noite, alvorada! Quantos estão ao meu redor? Tanta simpatia, tanta gentileza! Invejas? Desamores? Não sentarei à minha mesa
Amigo: Quando te sentirei perdido, No meio da multidão, Vive a vida, Diz adeus à solidão! Neste mundo bom, bonito, sejamos Compaixão
In illo tempore
Edith Florbela Castro Lopo Taborda,
21 De Dezembro de 2010
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