Investigadores do Instituto Gulbenkian faz descoberta com implicação nos estudos do cancro
2011-07-01
Um grupo de investigadores do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) concluiu que o esqueleto das células controla a multiplicação das mesmas e, consequentemente, a formação de tumores, uma descoberta que tem implicações nos estudos do cancro.
De acordo com um comunicado hoje divulgado pelo IGC, a equipa “identificou uma ligação inesperada entre o esqueleto da célula e o tamanho dos órgãos do corpo”.
“Num estudo publicado na revista ‘Development’, Florence Janody e o seu grupo de investigação mostram que uma das proteínas que regula o esqueleto da célula também influencia a activação de genes que promovem a sobrevivência e proliferação das células”, refere a nota.
O IGC explica que “esta descoberta tem implicações para estudos de cancro, uma vez que contribui para se compreender de que forma os genes de proliferação são indevidamente activados, dando origem a tumores”.
“À medida que um embrião se desenvolve, as suas células multiplicam-se e os órgãos crescem. Para que os órgãos não ultrapassem as dimensões do corpo em que se encontram, o seu crescimento é rigorosamente controlado, a vários níveis. Um dos principais reguladores é o complexo Hippo (um grupo de proteínas), que existe também em mamíferos”, refere a nota.
O comunicado explica que, “na ausência da actividade de Hippo, os órgãos crescem mais do que é suposto, e em adultos este crescimento anómalo e extemporâneo pode levar à formação de tumores”.
O grupo do IGC descobriu que o Hippo “também é regulado pelo esqueleto da célula, em particular por uma das suas proteínas, a ‘actin-capping’”.
“Os nossos resultados mostram que, para evitar crescimento anormal em larvas de mosca da fruta, o citoesqueleto tem que estar finamente regulado: basta uma ligeira desregulação e o equilíbrio é alterado, levando à proliferação celular, nem sempre desejada”, afirmou a chefe do grupo de investigação, Florence Janody.
A investigadora referiu ainda que, “uma vez que Hippo também actua em moscas adultas e em mamíferos, é previsível que o que descobrimos possa ajudar a desenhar estratégias para manipular este processo em células humanas, com vista à prevenção de tumores ou à sua progressão”.
O trabalho de investigação foi realizado no IGC, com financiamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia.
Inforpress/Lusa
2011-06-06 17:01:10