A importância das Normas de Orientação Clínica em Oncologia
"As NOC não só garantem equidade e igualdade no acesso aos medicamentos e tratamentos, como também uma maior rapidez na marcação de exames e cirurgias e melhores medicamentos para garantir os devidos cuidados de saúde".
Uma afirmação de Vítor Neves, presidente da Europacolon Portugal - Associação de Luta Contra o Cancro do Intestino, patente no artigo de opinião que elaborou para o HdF a propósito do Mês Europeu de Luta Contra o Cancro Colo-Rectal, celebrado agora em março.
Portugal tem necessidade de criar Normas de Orientação Clínica (NOC) generalizadas em oncologia, que sejam aplicadas em todos os centros hospitalares. Os doentes não podem sofrer com o facto de termos hospitais com diferentes critérios no que respeita o acesso aos medicamentos e tratamentos.
As NOC não só garantem equidade e igualdade no acesso aos medicamentos e tratamentos, como também uma maior rapidez na marcação de exames e cirurgias e melhores medicamentos para garantir os devidos cuidados de saúde.
Ultimamente o acesso aos medicamentos e tratamentos tem sido tema para larga discussão.
No entender da Europacolon Portugal - Associação de Luta Contra o Cancro do Intestino, os médicos e todos os profissionais de saúde têm o dever de tratar os doentes da melhor forma possível. É sua obrigação informar acerca dos melhores tratamentos, com o melhor benefício, mesmo que sejam mais caros. Para um médico, a poupança nunca deve ser sinónimo de má prática médica. Por outro lado, se tivermos dois fármacos semelhantes em termos de eficácia, devemos optar pelo mais barato.
O ideal, nas decisões sobre alocação de custos, seria optar pelos medicamentos “mais baratos dos melhores” e não entre os “melhores dos mais baratos”. Temos que garantir sempre o melhor tratamento aos doentes e os devidos cuidados de saúde.
A Europacolon existe para defender os interesses dos doentes. Queremos aumentar o conhecimento sobre o cancro do intestino, para que tenhamos doentes esclarecidos e ativos no seu processo terapêutico.
Em Portugal morrem 10 pessoas por dia com cancro do intestino e surgem mais de 7.000 novos casos por ano. Com números tão assustadores, infelizmente ainda assistimos a diferenças abismais entre o tempo de espera para a marcação de um exame ou de uma cirurgia.
Três meses pode ser a diferença entre a vida e a morte. Esperemos que as NOC que estão em estudo pelo Ministério da Saúde venham melhorar o acesso e a rapidez dos tratamentos e que estas diferenças, que prejudicam gravemente os doentes, acabem de vez!
Sobre o Cancro Colo-Rectal*
O Cancro do Intestino, também denominado por Cancro Colo-Rectal (CCR), é a 2ª forma mais comum de cancro entre os Homens (3.951 casos, 16,5% do total) e Mulheres (3.001 casos, 15,5% do total) Portuguesas. Morrem por ano cerca de 2.112 Homens (14,4% do total) e 1.579 Mulheres (16,4% do total) no nosso país, devido a esta patologia.
Na Europa surge como a 3ª forma mais comum de cancro nos Homens (229.229 casos 13,5% do total) e a 2ª forma mais comum nas Mulheres (203185 casos, 13,5% do total). Com uma mortalidade de, respetivamente, 110.059 (11,5% do total) e 102160 casos (13,5% do total).
Em termos mundiais surge, à semelhança da Europa, como a terceira forma mais comum de cancro nos Homens (663.904 casos, 10% do total) e a segunda forma mais comum nas Mulheres (571204 casos, 9,4% do total). Matando por ano cerca de 320.397 Homens (7,6% do total) e 288.654 Mulheres (8,6% do total) em todo o mundo.
*Relatório GLOBOCAN 2008 - Agência Internacional de Investigação do Cancro